segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Projeto da Vereadora Sandra Batista homenageia a Cabanagem


“Fica à Cabanagem a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou de simples agitação a uma tomada efetiva de poder” (Caio Prado Júnior, Evolução Política do Brasil)

Apresentei Projeto que resgata a História dos Cabanos.  O Projeto de Lei muda o nome da rua 13 de maio, no bairro da Campina, no centro comercial de Belém, para a Rua Eduardo Angelim.

A maioria dos cidadãos de Belém acredita que a “Rua 13 de Maio” no bairro Campina, no centro comercial de Belém tem este nome por conta da Abolição da Escravidão no Brasil, assinada pela Princesa Isabel. No entanto a história do nome dessa rua na verdade tem haver menos com eventos históricos nacionais e muito mais com a história local da Cabanagem e de figuras como Antonio Vinagre e Eduardo Angelim. 

Em poucas palavras, a Rua 13 de Maio, já teve o nome de Rua Formosa e Rua da Paixão até receber o nome atual, não em comemoração a Lei Áurea, mas sim ao dia em que as forças legalistas (do Império do Brasil) retomaram Belém, em 1836, após embates com os cabanos.

Eduardo Francisco Nogueira, nasceu em Aracati no Ceará em 6 de julho de 1814 e morreu em Barcarena em 20 de julho de 1882, foi um revolucionário brasileiro, um dos principais líderes da Cabanagem. A chegada de Eduardo Francisco Nogueira ao Grão-Pará remonta à década de 1820, fugindo de uma seca que assolou sua região de origem nestes anos. Devido ao seu espírito de luta, foi apelidado de "Angelim", por ser esta ser uma típica madeira muito resistente da região amazônica.

A Cabanagem foi um dos levantes populares, com maior participação de membros da população realmente das classes mais carentes e pobres que se rebelaram contra a miséria, o abandono e o descaso dado à província do Grão Pará pelo governo imperial do Rio de Janeiro, tornando-se uma das mais grandiosas revoltas dessa época no Brasil.

Neste momento, em que a população saí as ruas do nosso Estado e exige mais segurança, mais creches, mais saúde pública a homenagem a este líder cabano, que mobilizou o povo oprimido no maior levante popular de nossa História, é uma justa homenagem. 

Ângelo Madson em "A Revolução Cabana: a saga de um povo", afirma que o processo de luta contra o domínio português é antigo e duradouro. "A Amazônia possui longo passado de agitações políticas e sedições populares e uma boa maneira de entendermos as causas remotas da Cabanagem é o acompanhamento das lutas populares contra o projeto colonialista e absolutista: Três anos após a fundação de Belém, os Tupinambás atacaram o Forte do Castelo no afã de arrasar o foco da ação colonizadora. No ano de 1723, o lendário Cacique Ajuricaba convenceu comunidades indígenas no Rio Negro a se unirem numa confederação sob o lema: ¨Essa terra tem dono´

A ameaça aos representantes imperiais ficou tão forte que em 7 de janeiro de 1835, os rebeldes atacaram e tomaram Belém a capital da província em apenas um dia, instalando Governo Popular. Em agosto de 1835, os rebeldes entraram na cidade novamente. O bairro da Campina foi o palco de muitas dessas lutas que se estenderam por nove dias, encerrando após a fuga da tropa governista.

O momento mais culminante dessa batalha foi o Embate dos Mercedários. Na época, o convento da Igreja das Mercês era um depósito de pólvora e armas, o que seria crucial para os cabanos. Durante o embate 800 cabanos morreram na ação, entre eles o líder Antônio Vinagre.

Os cabanos (ribeirinhos, tapuios e índios destribalizados) possuíam uma eficiência organizativa impressionante, resistiram bravamente até o final. Ainda no governo, ganharam apoio dos nativos da região, setores da classe média e do baixo clero.

Já no ano seguinte, Belém foi sitiada e bombardeada até 13 de maio de 1836, data da expulsão definitiva dos Cabanos de Belém, quando as tropas legalistas retomaram a capital, ainda restando o fim da guerra pelo interior da província até 1840.

O 13 de maio da rua, marca a derrota Cabana, um movimento que poderia ter feito do Pará um novo país, com uma história diferente da que se conhece hoje. E devido a seu caráter contestador e revolucionário é pouco evocada pelas autoridades nacionais e estaduais desde então.














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